segunda-feira, 17 de março de 2008

Entre as canetas 1

Baré era um jogador que subiu das categorias de base do Vasco em 1991. Gordinho, não tinha nem passada de jogador. Mas ficava ali em São Januário, treinava, completava um coletivo ou outro, conversava com os jogadores. Tinha contrato, era federado e foi inscrito nas competições. Uns seis meses depois de Baré virar "profissional", eu caminhava pela social do Vasco (tempos bons em que a mídia tinha essa prerrogativa da fidalga diretoria do clube) com meu grande amigo Paulo Júlio Clement (eu pelo JB, ele pelo Globo). Em sentido contrário, caminhavam Baré e o supervisor Paulo Angioni, este com a mão sobre o ombro do "jogador". Quando as duplas se cruzaram, eu e PJ ouvimos o seguinte trecho da frase proferida por Angioni a Baré: "Se eu fosse você..." Depois daquele dia, Baré sumiu do Vasco e do futebol...

Bomba-relógio

O momento do Flamengo me lembra um pouco da final do Estadual de 95 - embora não tenha nada a ver (papo de maluco, não?). Naquela ocasião, sob a gestão Kleber Leite, se Renato Gaúcho não jogasse a barriga na bola, o time seria campeão, Vanderlei Luxemburgo teria ficado como técnico, o mundo seria outro e talvez as torres gêmeas não tivesse caído. Mas, como aquela bola entrou, o mundo rubro-negro desabou, mudou tudo e até Apolinho virou treinador. Agora, se o Flamengo não ganhar do Nacional e sair da Libertadores na primeira fase, o clube corre o risco de sofrer outra "vassourada" daquelas. Tomara que não aconteça. Joel é bom treinador, o elenco rubro-negro é bom, nada deve muito a ninguém. Só está tenso, pressionado, com a corda esticada. Está nas mãos de Joel Santana desarmar essa bomba-relóogio antes de a bola rolar na quarta-feira.

Barbeiragem

A Tribuna da Imprensa publica aspas de Felipe Massa: "Metade dos jornalistas não entende de Fórmula 1". Será que nessa metade estão os profissionais que elogiam o brasileiro? Será que a barbeiragem que ele fez na saída da curva 1, digna da Corrida Maluca, também foi descrição dessa metade? Ô, Felipe Massa, como se costuma dizer lá no Bairro de Fátima, "faz" o teu que a gente faz o nosso...

quarta-feira, 12 de março de 2008

É muita água

Tive a oportunidade de passar quatro dias em Manaus, fazendo uma reportagem para a editoria de economia do JB. Não conhecia a cidade, cujo "miolo" não tem muito de diferente das principais capitais do país. O que Manaus tem de especial é a exuberância da floresta que a cerca. E a água... é muita água. É preciso ir lá e ver para perceber como parece impossível imaginar que aquilo vire um deserto, como apostam os profetas do apocalipse do aquecimento global. Se a Amazônia virar deserto, então será mesmo o fim do planeta.
Visitei uma aldeia indígena também. É tocante a receptividade deles a gente da mesma raça daqueles que praticamente os destruíram. Não dá pra voltar da Amazônia e ser a mesma pessoa...

terça-feira, 4 de março de 2008

Fla x Fla

Já pensou uma final de Mundial de Clubes entre Flamengo e Fenerbahçe, com Zico no banco turco? Nem o mais otimista dos flamenguistas se atreveria a sonhar com isso...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Fla y Flu hablando

Flamengo e Fluminense vão deixar de lado, por alguns dias, a molezinha do Estadual, e vão encarar duas pedreiras em castelhano. O rubro-negro vai a Montevidéu enfrentar, na quinta-feira, o Nacional e a tradição de quebrar a cara contra os uruguaios - lembremos da eliminação da Libertadores de 82, no Maracanã, com Zico e tudo, para o Peñarol, e no ano passado para o Defensor. Vai ser uma ótima medida para o poderio do time de Joel. Já o Tricolor, apesar de jogar em casa nesta quarta, não terá, aparentemente, boa vida contra os argentinos do Arsenal. Não que o time deles seja grande coisa, ou chegue perto de outros esquadrões hermanos que já baixaram por aqui. Mas eles são chatos, catimbam, perturbam o juíz, tocam "y" se vão... Conselho à dupla Fla-Flu: controlem os nervos, atenção redobrada na marcação e aproveitem as poucas chances de gol que vão surgir.

domingo, 2 de março de 2008

Natal em março

Nesta segunda-feira, dia 3 de março, comemora-se lá em casa o Natal. Neste e em todos os dias 3 de março. Calma, amigos, ainda não enlouqueci. Também abro presentes e como os restos da ceia nos dias 25 de dezembro. Mas o tal 3 de março é o dia em que nasceu o Deus de todos aqueles que torcem pelo Flamengo. É o aniversário de Arthur Antunes Coimbra, o Zico, o Galinho de Quintino, agora com 55 anos.
Zico é a segunda pessoa que mais alegrias me deu na vida. A primeira é Rafael, meu filho. Mas o Galinho só perdeu a primeira colocação há dois anos. Explico: vi Zico jogar pelo Flamengo por 17 anos, na arquibancada e nas tribunas de imprensa. E foi ele quem mais me emocionou enquanto Rafa não completou 17 anos e um dia - minha ex-mulher não gostava muito da comparação, mas ela era verdadeira.
Quando vi Paul McCartney de perto, em 1990, no Maracanã (tinha de ser ali...), foi uma emoção única, incomparável para quem os quatro Beatles são quase parentes. Mas foi uma. Ou melhor, duas, já que estive nos dois shows. Com Zico foram centenas. Um blog não cabe para contá-las.
Lembro de uma, muito pessoal, no dia 31 de maio de 1980, véspera da final do Brasileiro. Tinha 15 anos e fui à Gávea ver o treino final antes da epopéia do dia segunte contra o Atlético-MG. Fiquei plantado no portão de entrada dos jogadores, até que embicou o carro dirigido por Sandra, com Zico na carona, a perna direita toda enfaixada. Ele me deu o sonhado autógrafo, mas não dormi direito naquela noite temendo que o Flamengo não tivesse seu Deus em campo. Teve, e o resto a história é conhecida por todos.
Depois de tantos anos entrevistando jogadores, a gente perde aquela ilusão de torcedor, e cada entrevistado vira "apenas" uma fonte de informação. Zico é o único com quem ainda tenho reverência, por mais que já tenhamos conversado muitas vezes. Há a isenção, há o profissionalismo, há o interesse do leitor em primeiro lugar. Mas, lá dentro, há, sim, a reverência. Já disse uma vez a Zico que na minha casa tem ceia no dia 3 de março. Modesto, ele riu e pediu para eu "parar com isso". Não paro. Nem ele tem a noção exata do que significa para cada rubro-negro. Parabéns, Zicão, e obrigado por tudo.